Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa

domingo, 22 de março de 2015

Mais forte do que eu

Não sou fã de corrida ou running, como se gosta de dizer agora.
Parafraseando uma colega, a natação é realmente "a minha cena".
Quando achava que hoje ia nadar numa piscina sossegada, eis que chego à entrada e vejo um estendal de carros que não prenunciou, desde logo, nada de bom.
Na recepção estava um amontoado de gente que nunca tinha visto nesta piscina, crianças e pais, e pais e crianças e famílias inteiras, enfim, tudo aquilo que eu não tinha em mente quando me lembrei de ir nadar na manhã de domingo.
A senhora da recepção, muito solícita, diz-me que há duas pistas para utilização livre, apesar das provas que estavam a ocorrer. Declinei delicadamente a oferta. Não se tratava da questão de poder ter muita gente a olhar para mim, enquanto eu nadava ou entrava na piscina, nada disso; esse tipo de coisas não me apoquenta. Era tão-só uma questão de densidade populacional; cada vez sou mais avessa à mesma, apesar da minha casa poder não dar o exemplo. Mas o hábito não faz o monge...
Foi uma semana cansativa. Pensei então em ir caminhar à beira rio, até porque era uma oportunidade de ver a supermaré. Não, conscientemente achei que não iria correr.
Então fui caminhando em passo razoavelmente rápido, vendo o movimento do caminho, com bastante gente a correr ou a caminhar, a passear os cães ou a andar de bicicleta. Não sei se foi de ver os outros, se foi da temperatura agradável ou da beleza cénica do percurso; quando me voltei para regressar, comecei a correr e só parei à saída do jardim no caminho para casa. Fiquei satisfeita.

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