Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa

terça-feira, 31 de março de 2015

Nostalgias de infância

Nostalgias de infância mesmo, não da infância.
O futebolista hoje estava com um ar enternecido a ler um livro que o infantário onde ele andava na altura produziu. Com as histórias inventadas por todos e ilustrações feitas por todos também, que depois editaram. Foi uma ideia muito gira mesmo. E todos os autores estão devidamente identificados.
Ele tem grande nostalgia do que se lembra do infantário, pois foram tempos de que gostou mesmo muito.
Ao contrário do que me lembro de sentir com a mesma idade, quando só queria crescer rápido, vejo-o a valorizar ter a idade que tem, e a parecer ter uma noção muito consciente de que são tempos muito bons e que não tem interesse ter pressa.
Acho muito melhor assim, e de todo não por mim, mas por ele. Tenho, aliás, pena de não ter tido este esclarecimento de me deixar ficar sem pressa na infância.

Eu e o Cartoon Network...

... Decididamente não gostamos um do outro.
Já uma vez, há uns anos, o bloqueei porque na altura o futebolista andava a gostar demasiado de desenhos animados pouco adequados à idade dele.
Agora, exaspera-me vê-los gostarem de ver coisas que me parecem completamente estúpidas.
Não gosto de proibir; aliás, combinei com o futebolista que ele me ia ajudar a "dosear" esse canal para os irmãos, mas vai ser um doseamento maciço... Para menos, muito menos!

domingo, 29 de março de 2015

Momentos XXXVI

Ursinho: -Mãe, o que é a Páscoa?
Eu: -Ahhh, bem é a comemoração da chegada da primavera.
Ursinho: -Não foi isso que o pai disse!!!

Mudança da hora

Lá que é bom ter dia até mais tarde, é.
Mas no momento em que estamos na adaptação pelo menos para mim ( e para os miúdos, bem o vejo) nunca é completamente pacífico.
Somos mais dependentes dos ritmos biológicos do que pensamos...

sábado, 28 de março de 2015

O lado negro da primavera

Hoje uma publicação periódica deu este nome a uma notícia sobre a questão do boom de alergias na primavera.
Achei piada ao nome, embora a "minha estação" das alergias seja o outono (antes de se ter tornado o ano inteiro).
Foi desde que comecei a tomar mais cuidado com esse assunto que me apercebi da verdadeira dimensão do problema. O que muita gente julga tratar-se de constipações ou situações agudas são na verdade situações alérgicas... E nesse sentido, de alguma forma crónicas. Responsáveis por mau estar, investimento em medicamentos e com bastante impacto na nossa qualidade de vida. Aos que, como eu, durante muitos anos não reagiram ao problema, para "o corpo ganhar defesas" só posso dizer que mais vale prevenir que remediar...

O tempo que passa

O futebolista vai fazer 10 anos e para o ano vai para o 5º ano. A flaminga já sabe ler e estão-lhe a cair os dentes de leite. O ursinho, caçula, já tem conversas de surpreendente lucidez e complexidade.
É assim o passar dos tempos. A rapidez não deixa de surpreender mas não me causa lamento. Nunca me deu para a nostalgia pois, tal como a minha mãe também sempre disse, eu gosto de os ver com a idade que têm.

domingo, 22 de março de 2015

Mais forte do que eu

Não sou fã de corrida ou running, como se gosta de dizer agora.
Parafraseando uma colega, a natação é realmente "a minha cena".
Quando achava que hoje ia nadar numa piscina sossegada, eis que chego à entrada e vejo um estendal de carros que não prenunciou, desde logo, nada de bom.
Na recepção estava um amontoado de gente que nunca tinha visto nesta piscina, crianças e pais, e pais e crianças e famílias inteiras, enfim, tudo aquilo que eu não tinha em mente quando me lembrei de ir nadar na manhã de domingo.
A senhora da recepção, muito solícita, diz-me que há duas pistas para utilização livre, apesar das provas que estavam a ocorrer. Declinei delicadamente a oferta. Não se tratava da questão de poder ter muita gente a olhar para mim, enquanto eu nadava ou entrava na piscina, nada disso; esse tipo de coisas não me apoquenta. Era tão-só uma questão de densidade populacional; cada vez sou mais avessa à mesma, apesar da minha casa poder não dar o exemplo. Mas o hábito não faz o monge...
Foi uma semana cansativa. Pensei então em ir caminhar à beira rio, até porque era uma oportunidade de ver a supermaré. Não, conscientemente achei que não iria correr.
Então fui caminhando em passo razoavelmente rápido, vendo o movimento do caminho, com bastante gente a correr ou a caminhar, a passear os cães ou a andar de bicicleta. Não sei se foi de ver os outros, se foi da temperatura agradável ou da beleza cénica do percurso; quando me voltei para regressar, comecei a correr e só parei à saída do jardim no caminho para casa. Fiquei satisfeita.

sábado, 21 de março de 2015

Um espectáculo

A astronomia sempre me fascinou. É possível que isso esteja relacionado com o facto de ter passado a minha infância durante os anos 80, altura em que esse tema estava na berlinda.
Mas sim, acho fascinante pensar na nossa pequenez e nos muitos mistérios que a astronomia encerra. De modo que qualquer fenómeno astronómico me deixa um brilhozinho nos olhos e vontade de saber mais sobre ele.
Por isso estava muito entusiasmada com o eclipse. Não planeei nada mais que sair de casa um pouco mais cedo para ter oportunidade de o ver.
E foi um espectáculo muito especial, como já esperava.
De modo que me deixa perplexa o facto de haver pessoas decepcionadas, dizendo algumas até que o eclipse era "fraquinho", ou rindo e encolhendo os ombros como quem diz "ele há maluquinhos para tudo..."
Mas o que esperavam, que fosse algo como um concerto ou algo assim?
Que fosse um grande evento do qual se tirassem fotos para por no facebook?
Uma reação paradoxal, tendo em conta que no fundo o que presenciámos foi um fenómeno cíclico do nosso universo, que se repete pelo tempo fora, independentemente da nossa presença...

segunda-feira, 16 de março de 2015

Níquel

Depois de andar 4 dias com um adesivo nas costas concluiu-se que a comichão tinha razão de ser: alergia ao níquel confirmada.
Parece que é comum. A chatice do níquel é que este existe basicamente em quase tudo onde pomos as mãos: moedas, chaves, puxadores, instrumentos de cozinha, fivelas, fechos, pilhas, enfim, um não acabar de objectos de uso diário. Existe ainda em vários alimentos, também estes omnipresentes: cebola, feijão, alface, pêras, e por aí adiante.
Como se lida com esta alergia? Evitar por completo é impossível, pelo que a ideia é minorar o contacto sobretudo em alturas em que a pele esteja mais sensível.
Níquel, níquel... Daqui em diante vamos ter que nos tentar evitar um ao outro.

sábado, 14 de março de 2015

Meninos e meninas na escola - recentralizar o problema

Nos últimos tempos andamos a ser inundados pelo grande problema de se estar a verificar (dizem) que as raparigas em média são melhores alunas que os rapazes.
No início este tipo de notícia causava-me um vago sorriso mas agora começa a entrar no campo da irritação.
Se é para falar de problemas, parece-me este tipo de problema bastante menor do que o grave problema do acesso das mulheres e das meninas ao mesmo direito à educação pelo mundo.
Reflete também uma memória curta, quando há poucas décadas atrás as mulheres eram afastadas, muito frequentemente contra sua vontade, de um percurso escolar de forma a concretizarem as suas posições subalternas em relação aos homens. Muitas ficaram analfabetas para poderem dar condições às suas famílias de poderem enviar os seus irmãos rapazes para a escola.
Sou mãe de dois rapazes e de uma rapariga. Ela é mais aplicada, sim. Se é melhor estudante, não sei. Ainda se verá. Mas não vejo evidências significativas do sistema educativo favorecer um dos sexos em relação a outro.
Se, como há umas décadas atrás, o sucesso dos rapazes em termos educativos fosse maior, isso seria visto como um problema?

sexta-feira, 13 de março de 2015

Sono

Não tenho uma boa relação com o sono. Nunca tive. Sempre o encarei como uma obrigação e algo a fazer o mínimo possível.
A dada altura acabei por verificar que é algo mesmo muito importante e com a qual devia aprender a relacionar-me melhor.
E aqui estou a escrever, à meia noite e um quarto, e com vontade de pegar no meu livro quando chegar à cama, para o largar quando o sono me vencer. Sempre uma luta...

quinta-feira, 12 de março de 2015

Há dias em que não se pode sair de casa

Dizendo de outra forma: quando à noite chego ao campo de futebol para apanhar o futebolista, eu, com um adesivo enorme colado nas costas; e com metade da boca anestesiada do dentista, não o vejo. Primeiro momento de preocupação. Dou a volta às bancadas. Regresso ao ponto de partida. Abordo algumas pessoas. Algumas pessoas abordam-me. Segundo momento de preocupação. Agora somos vários à procura. Lá aparece. Estava à minha espera noutro lado. O alívio instantâneo. Mas passadas algumas horas a tensão ainda não desapareceu do corpo.

domingo, 8 de março de 2015

A inteligência traz a felicidade?

Sempre me intrigou a proporção aparentemente elevada de pessoas geniais, chamemos-lhes assim, com variados distúrbios do ponto de vista psíquico. Compositores que enlouquecem, matemáticos esquizofrénicos, cientistas loucos.
Não sei se esta proporção é real, de facto. Pode ser um efeito de serem mais badalados os nomes, ou os ditos problemas, ao jeito de uma exploração doentia dos lados mais sombrios das pessoas.
O filme "Uma mente brilhante" marcou-me bastante e deixou-me a pensar ciclicamente nestas questões.
Parece que outros já tiveram os mesmos pensamentos: o Han Solo falou-me numa bd recente sobre matemáticos em que os autores avançavam o caráter obsessivo-compulsivo de vários matemáticos importantes.
Tendo a pensar que a criação ou desenvolvimento de teorias ou formas artísticas revolucionárias pode bem passar por uma fixação profunda da pessoa naquilo que está a criar ou a desenvolver.
Do extremo da genialidade ao mundo terreno, serão as pessoas mais inteligentes efetivamente mais felizes? Será uma benção ou na realidade uma maldição?

Dia da mulher porque...

... por exemplo aqui no Portugal do século XXI à beira mar plantado, as mulheres continuam a ser discriminadas em termos laborais, ganhando em média cerca de menos 30% que os homens para os mesmos cargos. Para as mulheres que têm filhos, a diferença ainda é maior, segundo estatísticas publicadas na imprensa.
Já para não citar outros exemplos revoltantes e humilhantes mundo fora.