Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O banho do Norbert

O ursinho tem um urso de grande estimação que dá pelo nome de Norbert. Já era do irmão, mas este nunca teve com ele uma relação tão estreita. Talvez por agora se tratarem de dois ursinhos...
O Norbert acompanha o ursinho em tudo - dorme na cama dele, acompanha-o às refeições e até à porta da sala da escola, onde se recolhe à mochila e aí aguarda o seu amigo até à hora de saída. À hora do banho aguarda pacientemente em cima do lavatório. Nunca se separam, de tal forma que de há uns tempos para cá o Norbert andava tão encardido que quase colava ao toque e definitivamente não se podia cheirar. Mas o apego é tal que o ursinho nem queria ouvir que o seu urso tinha que tomar banho e portanto afastar-se dele durante umas horas.
Hoje foi o dia, fruto de um esquecimento em casa na saída para a escola, muito lamentado pelo ursinho quando disso deu conta.
O Norbert parece outro, limpo, mais clarinho, bem cheiroso e (pelo menos ao meu olhar) muito mais bonito. Esperemos que o seu amigo concorde...

sábado, 12 de outubro de 2013

Partilhas

Por motivos que ainda não saberei bem explicar, deixei de ter muita vontade de partilhar os posts deste blog no facebook.
É muito notório de que quando o faço os posts são muito mais lidos. E não tendo eu pretensões de bater recordes de visualizações, claro que se se publica o que se escreve é na expectativa de que seja lido.
Mas tenho-me questionado se o tipo de público do facebook (com uma série de excepções, claro!) na generalidade se interessará por estas partilhas que não sendo, acho eu, demasiado explícitas em termos de partilha de vida privada - isso não me interessa -, expõem visões e reflexões muito pessoais. Vejo o facebook como algo de sobretudo institucional e tenho tido estas dúvidas sobre se ao partilhar lá os posts não estou a sobrepor esferas de diferente âmbito.
Como dizia um amigo meu, o facebook não é o local ideal para ter discussões com algum tipo de profundidade, nem para partilhar pontos de vista com alguma densidade. E eu concordo...
Por outro lado, a todos os que partilham da "minha esfera" (e eles sabem quem são), compreendo perfeitamente que não queiram subscrever blogs para não ficarem atulhados com mais mensagens e mais informação (eu não sigo muitos em parte por isso...) Mas por outro lado gosto que eles leiam e opinem o que escrevo e é compreensível, mas uma vez, que o facebook seja um meio de acesso mais prático.
Enquanto esclareço o dilema mantém-se o blackout...

Recompensas

A vida de estudante tinha um aspecto muito tranquilizador comparada com a vida profissional ou mesmo outras vertentes da vida: uma forma muito clara de medir se as coisas estavam a correr bem ou não. Se corriam bem, as classificações eram boas; se corriam mal, eram más. Com algumas excepções como em tudo na vida, claro.
Na vida profissional e pessoal não existem medidores tão óbvios, ou nalguns casos não existem de todo. É uma espécie de navegação por instinto, sem bússola nem GPS. De vez em quando recebem-se gratos sinais, tema já abordado num post anterior.

Custa um bocado fazer uso da autoridade, mas sou daquelas que acredita que há alturas em que é essencial fazê-lo. Só poderemos ser exigentes com nós próprios (e com os outros) se forem exigentes connosco também. Claro que o balanço não é fácil e as dúvidas perseguem-nos incessantemente.

Fico feliz e muito aliviada sempre que vejo que esta persistência dá frutos. Sobretudo quando acompanhada da felicidade genuína de um filho ao transmitir que tinha cumprido. Não só por saber que assim faria a mãe feliz - mas essencialmente por perceber que é capaz de concretizar o que até aí não tinha sido.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Momentos XXIII

-Tenho que fazer uma pesquisa no fim de semana sobre o corpo humano. - diz o futebolista.
-Mas sobre que parte do corpo humano?
-Eu queria o sistema respiratório, mas já estava ocupado! Teve que ser... a reprodução.
(...)
-Bem, isso é giro. Pode ser que descubras que queres ser médico.
-Ah, médico!!?? Nem pensar. Se ainda fosse veterinário! Não quero ser médico só de uma espécie!

Parece uma piada…

… o Putin Nobel da Paz.
(…)
É uma piada, não é?

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Frases de Agatha Christie

Algures entre os meus 7, 8 anos e os 13, anualmente tinha que passar uma quinzena a fazer tratamentos termais por culpa de uma bronquite asmática, no mês de Setembro, depois das férias grandes. O meu pai estava nesse mês a trabalhar, já depois de ter gozado as suas férias, pelo que era a minha mãe, professora (à data as aulas começavam só em Outubro) que me acompanhava, com a minha irmã. Essa temporada era para mim uma grandessíssima seca: como eu dizia, só havia nas termas pessoas com menos de 8 ou mais de 80 anos; os tratamentos, não sendo dolorosos ou particularmente incómodos, eram uma neura; nesse período estava, por recomendação médica, proibida de comer gelados e ir à praia (vá-se lá saber porquê).
Eu comecei a ler livros muito, muito nova. E nestes períodos termais lia, lia furiosamente tudo o que me aparecia à frente. E foi aí que descobri os livros de Agatha Christie (à volta dos meus 10 anos, julgo eu). Foi uma grande descoberta. Adorei-os, li-os todos de uma ponta à outra. Ainda hoje acho-os os melhores livros policiais; mais tarde também gostei imenso da série, em televisão, com um fantástico Hercule Poirot.

Depois desta longa introdução, apenas para dizer que me deparei por acaso com algumas frases de Agatha Christie, muito curiosas, num site de uma biblioteca algures deste território português. Aqui as partilho

-Casa-te com um arqueólogo. Quanto mais velha te tornares, mais encantadora te achará.
-As conversas são sempre perigosas quando se tem algo a ocultar. Os velhos pecados têm sombras grandes.
-No que diz respeito às grandes somas, o mais recomendável é não confiar em ninguém.
-Ganhar uma guerra é tão desastroso como perdê-la.
-Santo Deus, nunca compreendera quantas explicações é preciso dar num assassínio.
-O assassino costuma ser um antigo amigo da vítima.
-A melhor receita para o romance policial: o detective não deve nunca saber mais que o leitor.
-É ridículo situar uma história de detectives na cidade de Nova Iorque.
-Qualquer mulher pode enganar um homem, se ela quiser e ele estiver apaixonado por ela.
-Nada mais curioso do que os hábitos. Quase ninguém sabe que os tem.
-Não reconhecemos os momentos realmente importantes da vida até ser demasiado tarde.
-O melhor momento para planear um livro é enquanto se lava a loiça.