Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Matrioskas

Sobre as fases da vida que se sucedem, sobre os nossos amigos que vão por outros caminhos e os que vão permanecendo na nossa vida longe ou perto, sobre o que fomos e o que ainda vamos ser. Se calhar cada um de nós é uma matrioska, com uma infinidade de diferentes pessoas dentro de si, que se vão surpreendendo umas com as outras e conhecendo facetas tão diferentes que nunca julgaríamos sermos nós. Ou então as nossas matrioskas são todas as vidas que podíamos ter tido, que se entrecruzam e se encaixariam umas nas outras, em infinitas possibilidades tão vastas quanto as nossas escolhas e os caminhos que decidimos seguir. Ou, ainda, uma imagem mais doce, dos filhos que carregámos dentro de nós e levam um pouco de nós também pelos caminhos que escolhem e não escolhem seguir.

domingo, 21 de julho de 2013

Meio vazio ou meio cheio

Meio vazio ou meio cheio é sinónimo de optimismo ou pessimismo?
Julgo que não. Acho mais sinónimo de positivismo/negativismo.
Causa-me uma certa irritação quem ache sempre tudo bom; e impacienta-me quem ache sempre tudo mau. Ser-se positivo não é acreditar que vai sempre acontecer o melhor; acho que é, sim, ter confiança de que se conseguirá ultrapassar o menos bom. Não serei das pessoas mais optimistas mas acho que ser-se positivo é fundamental.

domingo, 14 de julho de 2013

Cinco anos

E hoje fechou-se o ciclo de aniversários deste ano dos filhotes! Desta vez foi a flaminga que festejou os seus cinco aninhos. Pela primeira vez vieram festejar com ela os amiguinhos da escola, bem como outros amigos e família que já vêm desde sempre. Foi um dia feliz para todos e foi um dia feliz para ela.
Está crescida, a minha flaminga, e mudou muito nos últimos anos. Quem a conheceu há uns anos atrás não deixa de notar isso: uma criança não muito dada a grandes socializações e muito obstinada em todos os seus actos, tendo sempre opinião e determinação para tudo, no último ano tornou-se surpreendentemente dócil, mais afectiva, mais social. Mantém o seu feitio e as suas opiniões, mas agora bastas vezes opta por guardá-las para si ou demonstrá-las de forma mais suave. O que é para mim fonte de grande contentamento (e alívio). O que me conduz ao terceiro grande ensinamento que os meus filhos, no seu conjunto, me trouxeram. É que as crianças não são todas iguais. E não foi por ter um filho mais velho que eu já tinha a receita que havia de funcionar com ela, a segunda da prole.
O futebolista foi um bebé fácil de lidar, sendo de descontar obviamente as dificuldades que todas as mães de primeira viagem enfrentam. E sendo o primeiro, era o modelo que eu tinha.
A flaminga foi uma bebé, e depois uma criança pequena, bastante mais difícil de lidar. Nunca gostou muito das alterações à sua rotina ou de caras que não conhecia. E desde que consegue expressar-se sempre teve ideias muito claras sobre o que queria fazer, comer ou vestir. Eu não fazia ideia que uma criança tão pequena já pudesse ter opiniões tão vincadas. Nem que podia ser tão obstinada para obter o que queria. Para pessoas diferentes de facto nem sempre a mesma abordagem funciona. E o que o meu sentido negocial, paciência e arte de tentar fazer alguém mudar de ideias se apurou, desde que ela chegou.
Hoje, feliz, sinto que o meu esforço foi recompensado. A flaminga não deixou de ter as suas ideias nem de saber (sempre) de onde vem e para onde vai. Mas já consegue encaixar (a bem) que nem sempre pode ser à sua maneira. Eu sei, filhota, que quando te contrario e te faço fazer como eu quero, que tu no fundo não estás convencida. Mas fazes, porque agora já consegues ter a tolerância e a capacidade de perceber muitas coisas que antes não percebias. Também sei que não te vou conseguir distrair dos teus intentos ou de mudar a forma que tens de olhar para muita coisa, mesmo cedendo tu àquilo que nós te pedimos ou exigimos. Mas sossega-me que entendas a discordância e que tenhas aprendido a encaixá-la. Espero que continues sempre, assim, determinada. Mesmo que não concordemos em muita coisa, para mim, isso é crescer na direcção certa.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Ser-se um bom escritor

Em conversa com a minha mãe, eis uma opinião. Um bom escritor é aquele:
-que sabe escrever bem;
-que criou uma boa história;
-e que a sabe contar.


Dar o exemplo

Estes sucessivos episódios burlescos (para ser simpática) da vida política deste nosso país já me causam náuseas. Se tivesse que os discutir com cidadãos de outros países teria vergonha. E muito por isto até nem me apetece escrever sobre o tema. Porque tudo isto foi mau de mais. Difícil é escolher de quem dizer mal primeiro. Por isso vou-me abster de comentar sobre os suspeitos do costume. A realidade é tão transparente que nem vale a pena acrescentar mais nada.
Mas sobre dois personagens deixo umas palavras, assim até mais ou menos em jeito de exorcismo. Não tenho dúvida de estar perante o pior Presidente de que me lembro deste país e da pior presidente da assembleia da república. Sobre o primeiro, muito se poderia dizer. Envergonha-me que norteie a sua actuação acima de tudo para se manter no seu pedestal sem uma beliscadura. Envia-nos de lá os seus doutos conselhos e nós, ignorantes, não os sabemos aproveitar. Até ele chegar, quando acontecia a comunicação de um Presidente na televisão, geralmente ouvia-a com atenção e, sim, algum respeito. Não é o desacordo que traz o desrespeito, pois na realidade os melhores adversários são os mais respeitados. É sim o desprezo, a falta de coragem para falar com frontalidade e sem medo da crítica. Quem não quer ser lobo...
Quanto à senhora Presidente da Assembleia da República, não está pura e simplesmente à altura do cargo. Para além das suas tristes declarações (o 3º mais alto cargo da nação não se deve compadecer por tiradas infelizes) o facto de se ter reformado (e om que condições!) aos 42 anos é um insulto para tantos e tantos que trabalharam toda uma vida para no final ficarem com reformas de miséria.
Meus caros, dar o exemplo não custa dinheiro.
 

terça-feira, 9 de julho de 2013

E este foi o ano...

...aclamado momentanemente privado de verão em que tive noites mais quentes na minha terra do que no Algarve! Quem sabe onde é não pode deixar de considerar isto verdadeiramente espantoso!!!

Até Tavira de comboio...

...tive que apanhar exactamente 5 comboios diferentes (considerando o total da ida e volta e no percurso mais longo um IC/AP). Destes o único que curiosamente não atrasou foi o regional que circula numa linha só pelo Algarve, devagar, devagarinho, mas cumpridor do seu horário.
"Pedimos desculpa pelo atraso", que me fez perder a ligação em Faro, à ida.
"Pedimos desculpa pelo atraso", que me fez chegar 45 mins. mais tarde a Lx no regresso.

Eu gosto de andar de comboio, mas tanto atraso em comboios supostamente rápidos... Terei sido eu que tive muito azar ou isto acontecerá (quase!) sempre???

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Momentos XX

Ao telefone com o futebolista, ontem à noite:
-Mãe, vamos emigrar?
-Futebolista, pelo menos para já não! Mas porquê?
-Porque eu não quero...