Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa

segunda-feira, 8 de abril de 2013

RIP Margaret Thatcher

Estava a pensar no seu epíteto - dama de ferro - e embora seja do conhecimento geral a sua origem, penso que é um nome que assenta mal. Parece-me mais adequado para a multidão silenciosa de mulheres de vida dura, duríssima, que povoam este mundo.
Não conheço profundamente o percurso da Thatcher, mas conheço o suficiente para perceber que ela personifica/personificou muitas das coisas que me desagradam e me desapontam num político. Foi o princípio do fim do Estado social inglês e de certa forma A precursora de muitas coisas negativas que se passaram na política, das quais o desmembramento dos estados sociais são o exemplo mais paradigmático. Foi também um ícone do "orgulho e preconceito" (não do da Jane Austen, esse é um livro muito muito interessante sobre o tema) que a levou a exagerar a sua pronúncia "fina" para esconder as suas origens humildes. Uma personalidade rígida, forte, é certo, mas de uma dureza cega, de uma incompreensão... incompreensível.
Mas acho muito feio estas congratulações pela sua morte, para mais um tipo de morte e de agonia que não se deseja a ninguém. Ocasião sim para relembrar o seu percurso e analisar a sua influência. Até para não se repetir.

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