Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa

terça-feira, 30 de abril de 2013

Dia Internacional da Conservação de Anfíbios

Fiquei a saber há pouco que era. Por coincidência, hoje fui fazer um trabalho precisamente sobre conservação de anfíbios.
Os anfíbios são uns animais extremamente curiosos, lindíssimos, na sua maioria (pelo menos na minha humilde opinião) e, para quem não saiba, o grupo de vertebrados mais ameaçados do Planeta, de acordo com a UICN. Uma das principais razões para isto é a sua enorme dependência de habitats de água doce, frequentemente destruídos e ameaçados por causas várias.
A sua "má fama" (rãs, sapos, tritões, salamandras...) é para mim difícil de entender. Vítimas de superstições infundadas, são muitas vezes mortos e perseguidos sem qualquer razão lógica. Têm um importante papel nos ecossistemas e têm grande relevância, por exemplo, para o controlo de populações de insectos. São ainda o testemunho vivo do nosso percurso evolutivo, da transição dos vertebrados do ambiente aquático para o ambiente terrestre. Sejamos mais exigentes com a preservação do nosso património. Começar por combater e contrariar superstições e crendices absurdas é um bom caminho.

domingo, 28 de abril de 2013

Flaminga e as letras

A flaminga (4 anos) tinha um trabalho para a escola para fazer sobre meios de transporte e escolheu o autocarro. O Han Solo desenhou o dito e ela pintou e ilustrou, a rigor, não faltando cortinas nas janelas e o condutor com óculos, tal e qual como é o da escola dela. Depois escreveu umas letras no próprio autocarro. Comentámos isso, a par de lhe termos elogiado o desenho, até que reparei numa estranha coincidência das letras e lhe perguntei se ela tinha efectivamente tentado escrever "autocarro". Tornou-se óbvio que sim, e gerou tanto alarido e alguns risos (de boa disposição, e espanto!) que a flaminga se terá sentido visada, ou mesmo gozada, e desatou num pranto ali mesmo. Apesar do seu usual auto-domínio ela é muito tímida e deve ter achado que nos estávamos a rir dela. Lá acalmou com uma conversa calma no colo da mãe e muitos mimos, dizendo que ela tinha escrito as letrinhas muito bem, que não nos estávamos a rir dela, e que para escrever na perfeição todos os meninos precisavam de estudar vários anos.
E provando que estava tudo sanado, passado um tempo acabou o seu desenho e assinou-o com o seu nome escrito num arco-íris de cor.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

25 de Abril

Não sou dada a grandes comoções pelo que me surpreendi a mim própria, quando explicava à flaminga, 4 anos, o que era o 25 de Abril, ao sentir um nozinho na garganta. Não sei bem explicar porquê. Ao pensar em capitães de Abril, só me vem à memória a face do Salgueiro Maia, tão novo, tão digno, com uma morte tão precoce e tão injusta. O que pensaria ele do Portugal de hoje. Talvez a comoção se devesse ao pensar nos ideais de Abril, e no desespero, pobreza e desalento que afecta hoje a nossa população. Pelo menos, na altura, na fase posterior de maior sufoco económico, havia esperança, hoje já não há. Ou talvez ainda a comoção se deva a que sinta este país cada vez menos meu, que me encha cada vez mais de revolta, quais amantes cujo amor se esgota e do qual apenas subsiste pequenos restos num fundo cada vez mais fundo. 

terça-feira, 23 de abril de 2013

Agora é que eu percebo... III

...qual é a intenção de pôr os pais a pagar as AECs nas escolas.
É uma medida para baixar o desemprego! As pessoas fazem as contas e chegam à conclusão que não compensa andarem a trabalhar, onde cada vez ganham menos, e sabe-se lá em que condições, para gastarem depois em ATLs privados, pois isto de trabalhar e ter filhos na escola pública não é compatível. Então haverá mais mulheres donas de casa. E assim libertam uma quantidade de postos de trabalho.
O nosso des(Governo) é genial.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Momentos XII

-Então ursinho, hoje foram os pais do teu amigo xxx brincar com vocês à sala [da escola], não foi?
-Foi.
-Então o que é que fizeste?
-Pé!
-Pé?!
-Pé!
(Passados uns 10 min.)
Han Solo: - Isto ainda tem que secar, não é? (Referindo-se a um decalque do pé do ursinho em barro que estava em cima da prateleira da sala...)

sábado, 20 de abril de 2013

Oquestrada que já percorremos

Hoje foi dia de estreia, ida a concerto para pais e filhos (só os dois mais velhos) (e tia). A pé de casa, com a sensação de que finalmente já se conseguem fazer algumas coisas que dantes fazíamos, agora com eles!
Lá fomos, entusiasmados, embora a cerca de 30% do concerto estivessem o futebolista e a flaminga a dormir, cada um encostado a um progenitor.
Quanto ao concerto, muito engraçado, muito teatral, um serão muito bem passado.
Apesar dos sonos, foi uma boa experiência para todos, venha a próxima...

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Inteira

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive

                  Ricardo Reis
  
Pois só sei ser inteira e não doutra maneira.
E aqueles cujos caminhos se cruzam com o meu sabem que assim é, nem é preciso conhecerem-me muito.
Inteira porque a dedicação é tudo ou nada, de outra forma não vale a pena.
Inteira nas partes boas e más. Sem fingimentos nem dissimulações.
E gosto que sejam comigo inteiros também. É que assim a vida é muito mais simples e agradável.
Como só o Ricardo Reis tão simplesmente sabe dizer.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Da inspiração

O que nos inspira para escrever, ou para criar em geral? Pode ser qualquer coisa, na verdade. Mas tenho para mim que o Homem mais feliz do mundo, ou o Homem sempre feliz, não precisa nem sente necessidade de escrever ou criar. A inquietação ou até sentimentos mais negativos são grandes impulsionadores criativos, disso não tenho qualquer dúvida. Na verdade, não é de crer que os livros mais marcantes venham de mentes despreocupadamente felizes. Será que esses sentimentos negativos empurram quem os sente para uma necessidade de expressão que assim se realiza? Se as situações depressivas têm como uma das suas características a fixação em determinadas ideias como se explica então este suposto efeito? Haverá um nível óptimo de sentimentos negativos para optimização da actividade criativa?

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Diz-me onde dormes...

-Ursinho, a mamã dorme na cama... da mamã (e do papá); o papá dorme na cama do... papá (e da mamã); o futebolista dorme na cama do futebolista; a flaminga dorme na cama da flaminga; e o ursinho dorme na cama...
Ursinho: - Da mamã! Boa ideia?!

Da arte

Flaminga e ursinho desenham afincadamente, cada um no seu caderno.
-Mamã! É um senhor! - diz o ursinho, com todo o entusiasmo.
(Riscos de alto a baixo da página).
-Muito giro!
Ursinho: -Mamã, eu fiz muitos desenhos.
(Pausa)
Ursinho: - A Flaminga não.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

ainda há...

Neste clima de desespero, desemprego e desesperança no futuro ainda há humanidade, razoabilidade, sensibilidade, compreensão. Testemunhei isso hoje e dei por mim quase comovida, de já tão habituada e endurecida que estou com esta realidade tão feia. É nestas alturas que se vê a luzinha ao fundo do túnel, mas paradoxalmente é quando se sentem as defesas enfraquecidas. 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Refaçam as teorias da ecologia alimentar!

Futebolista, para os irmãos: - Eu sou um cavalo mau que come gatos!!

Momentos XI - profissões

-Então meninos, o que gostavam de ser quando fossem grandes?
Futebolista: - Eu quero ser realizador!
Flaminga: - Eu quero ser polícia! (ups! isso é que vai ser andar na linha... vão por mim, não vão querer prevaricar com ela por perto...)
Ursinho: - Eu quero ser (o) bombeiro (Sam)!

segunda-feira, 8 de abril de 2013

RIP Margaret Thatcher

Estava a pensar no seu epíteto - dama de ferro - e embora seja do conhecimento geral a sua origem, penso que é um nome que assenta mal. Parece-me mais adequado para a multidão silenciosa de mulheres de vida dura, duríssima, que povoam este mundo.
Não conheço profundamente o percurso da Thatcher, mas conheço o suficiente para perceber que ela personifica/personificou muitas das coisas que me desagradam e me desapontam num político. Foi o princípio do fim do Estado social inglês e de certa forma A precursora de muitas coisas negativas que se passaram na política, das quais o desmembramento dos estados sociais são o exemplo mais paradigmático. Foi também um ícone do "orgulho e preconceito" (não do da Jane Austen, esse é um livro muito muito interessante sobre o tema) que a levou a exagerar a sua pronúncia "fina" para esconder as suas origens humildes. Uma personalidade rígida, forte, é certo, mas de uma dureza cega, de uma incompreensão... incompreensível.
Mas acho muito feio estas congratulações pela sua morte, para mais um tipo de morte e de agonia que não se deseja a ninguém. Ocasião sim para relembrar o seu percurso e analisar a sua influência. Até para não se repetir.

sábado, 6 de abril de 2013

Decisão do TC

Esta decisão do TC provocou-me um misto de sentimentos confusos.
Por um lado, dá um certo conforto sentir que ainda não é possível fazer tudo quanto apetece e que a Constituição ainda vale alguma coisa. Por outro, levanta-se o receio dos próximos cortes serem ainda piores. E em relação aos trabalhadores do sector privado que serão alvo de cortes, como vai ser? Também será devolvido? Ou fica a desigualdade ao contrário?
De uma forma algo perversa, também fica a sensação que esta era a única saída para agradar a gregos e a troianos, ou para não deixar nenhum dos sectores em absoluto pé de guerra, se se quiserem ver as coisas noutra perspectiva. Ao não aceitar algumas das medidas contenta-se (pelo menos parte d)a população, que por ora fica (um pouco mais) pacificada; ao aceitar outras, faz-se não um "buracão" mas um "bura(quito)" nas contas.
Este episódio deu a oportunidade a Cavaco Silva de proferir outra frase lapidar: As decisões do TC são para respeitar.
Comentários para quê?

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Já vais tarde, Relvas



Não me é fácil dominar todo o fel que para aqui vai sobre este tema. Foi muito bom ele ter saído, sim. Acho que foi bom para todos nós. Mas infelizmente não se deve ver isso como um sinal que o decoro regressa, blá, blá… Não é preciso ser-se um mago da política para se saber que Relvas há por aí muitos, e que a seguir a este Relvas há-de vir outro. Um pouquinho melhor, esperemos. Ou menos mau.
Também não subscrevo esta do “agora é que é, depois deste saem os outros, depois vêm eleições e vamos viver felizes para sempre”. Sendo um pensamento tentador, penso que qualquer um sabe que não é verdade. Lá que o Governo pode cair, pode. Até em consequência da aguardada decisão do Tribunal Constitucional. Mas apenas do Relvas ainda tem largueza de costas para se manter. Para além de que, seja qual for a decisão e opções tomadas pelo país, o caminho que espera os portugueses vai ser difícil. É a minha opinião, pode haver outras… (como diria um amigo meu).
Não consigo contudo deixar de me espantar com o personagem Relvas. Segundo a jornalista, “agora Miguel Relvas terá tempo para se dedicar ao que gosta de fazer, ler, ir ao cinema, viajar…” Nem na hora da despedida (inglória) lhe dá um rebate de consciência e se lembra que, para muitos, muitos portugueses, esse tipo de actividades está completamente vedado por estrições financeiras, mesmo considerando aqueles que não estão desempregados, e que trabalham longas e longas horas para manter as suas casas e as refeições na mesa. Ou então foi uma interpretação livre da jornalista, mas que provavelmente não andará longe da verdade…
E sabemos todos que o amigo Relvas daqui, irá para melhor. Para uma das várias suspeitas empresas dos seus amigalhaços, finalmente a ganhar um melhor salário e, sobretudo, com menos preocupações.
Por isso, a saída dele foi boa, sim. Mas, bem vistas as coisas, não dá para mais que um esgar de sorriso (pronto, e já agora podemos ouvir com prazer a música da Comercial, 

assim sempre dá para um sorriso mais largo).

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Vila Nova de Foz Côa num flash

Um domingo à noite. Uma rua bem arranjada com umas moradias antigas, de cara lavada; passeios largos, bem iluminados, com candeeiros modernos. Nos passeios, um logótipo com design de bom gosto, inspirado nas gravuras do Vale do Côa. Continuando a andar, chega-se uma rua mais estreita, pedonal, também bem arranjada, com ar mais rústico. Todas as casas comerciais fechadas, algumas escuras, outras à média-luz. Continuando um pouco mais, uma pequena praça arredondada. Um silêncio sepulcral. Meia volta, mais apressadamente agora, rua estreita e casas bonitas ficam para trás, numa terra que parece morta, tão morta quanto os artistas das famosas gravuras.

Manhã de chuva, tarde de sol... no centro de saúde

Balanço da Páscoa: agradável convívio familiar, passeio no campo (no dia em que não choveu), gastronomia vária, chuva a potes, uma cabeça com piolhos e uma amigdalite. A amigdalite, claro, foi para mim.
De manhã fui até ao centro de saúde (finalmente novo e não aquela vergonha inacessível que durou anos demais nesta terra). Cheio, meia hora só para falar com a administrativa, necessidade de me vir embora de mãos a abanar pois tinha que vir para casa fazer guarda aos filhotes porque o Han Solo tinha que sair.
De tarde fui até ao centro de saúde (finalmente novo e não aquela vergonha inacessível que durou anos demais nesta terra). Fui atendida pela administrativa em 2 minutos, pela médica passados mais 5. Médica muito novinha, que me olhou para a garganta, acompanhada pela estagiária que estava a treinar. Pediu-me autorização no início para a assistência da estagiária à consulta e depois de me observar prescreveu-me um anti-inflamatório pois não achou que estivesse muito mal e convinha "não abusar dos antibióticos". Se em 3 dias a coisa não melhorasse então tinha que ser. Gostei.