Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Pronto, não resisto

O ursinho está viciado na mãe, tanto que quando vai para cama deve ficar com a pica toda para ter a certeza que não me vou embora. Depois saio de mansinho e vai lá o Han Solo, e ele já o ursinho não se importa que às tantas saia. E enfim a casa sossega. Ora há uns dias o Han Solo não estava cá e eu com a tarefa de deitar o ursinho e a flaminga. Meia hora e o ursinho não sossega. Uma hora e o ursinho não sossega. Quase hora e meia e o ursinho não sossega. Paciência por um fio: -Agora é para dormir! E chora, e grita. Mas a flaminga tem que se deitar. A flaminga QUER deitar-se. E assim tem que ser. Ao som do choro. Toca a campainha. (??!!) Vou à porta. Vizinha à porta. Ora bolas, barulho a mais. Mas não. Extrema preocupação com a criança. O que se passa? Posso ajudar? Que aflição! Precisa de colo! Eu sei, sou mãe e também tenho filhos (tudo isto é diálogo da dita).
Tão estupefacta fiquei que mal me ocorreu algo de minimamente espirituoso para dizer. O que se passa é que tenho que deitar duas crianças. A tentar acalmá-lo estou eu há hora e meia. Há gente que não se enxerga. É nestas alturas que tenho pena de não ter uma moradia.

Sem comentários:

Enviar um comentário