Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa

domingo, 28 de outubro de 2012

Mudança de hora

Estava-me a segurar mas tem que ser. Eu detesto esta história da mudança da hora. Um ódio de estimação há muito acarinhado. Detesto esta coisa de às 5 horas da tarde já ser noite. E sim, prefiro muito mais sair de casa de noite manhã do que chegar à noite. Ainda por cima, (ironias!) essa conversa "esta noite vai-se dormir mais uma hora..." Ao contrário, é ao contrário! É o relógio biológico, o famoso! Pois o ursinho, a flaminga e o futebolista amanhã acordarão uma hora mais cedo do que marca o relógio e diz-me a experiência que nas próximas duas semanas (pelo menos) vai ser assim!
Por isso, esperarei ansiosamente pela próxima mudança da hora, não só por ser prenúncio de muitas outras coisas agradáveis mas também porque, aí sim, os relógios biológicos jogam a nosso favor... Menos uma hora de sono numa noite mas vários dias se seguirão em que poderemos dormir um pouco mais. Volta verão...

Para Roma com amor

Sim, tenho que assumir. Sou parcial neste assunto - Roma e Woody Allen. Roma, porque é uma cidade maravilhosa, absolutamente deslumbrante, e que para além da sua imensa beleza tem outra coisa que a outras falta, que é uma alma imensa, algo de profundamente castiço que lhe dá uma grande autenticidade. Mas a Roma espero voltar, aqui e em presença física por muitas vezes. Woody Allen, porque deve ser o meu único realizador de culto, que me basta saber que o filme é dele para o querer ver. Como diz o Han Solo, nas nossas raras idas ao cinema dos últimos anos só há dois géneros: os filmes do Woody Allen e desenhos animados.
Reconheço-me imenso no estilo de humor dos filmes dele. E consegue algo de muito difícil, que é fazer humor com temas tão delicados como o amor e o sexo. Humor inteligente, claro. Humor boçal e labrego sobre os mesmos temas há por aí muito. Há uns tempos diziam que era o realizador do quotidiano. Dito apenas assim parece um pouco menorizado, acho antes que é o realizador dos sentimentos. De toda a forma afinal a nossa vida é feita de quotidianos, não é verdade?
Nos significados mais profundos do humor que faz é sublime a forma como expõe temas como a fama, a moral, sentimentos de culpa e arrependimentos, política e religião de maneira tão sarcástica, tão cáustica, afinal de contas, tão sadia!
Para Roma com amor. Uma espiral de riso e loucura, num ritmo caótico tão coincidente com o da própria cidade e os seus excessos. Uma caricatura de personagens deliciosa, as perspectivas da juventude e da maturidade em carne viva. Uma crítica mordaz e tão assertiva à fama. Genial nesse apontamento. Não foi o teu melhor filme, Woody? Talvez não. O melhor que vi este ano? Sem dúvida. Fez-me pensar? Muito. Sempre.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Tem dias...

...em que a preocupação é maior que a confiança, em que o céu é mais negro que azul, que há mais crispação que sorrisos, mais chatices que brincadeiras. O que vale é que se chega a casa e nos transformamos em lobos, ursos, cães e gatos, serpentes e memés, e ficamos soterrados por risos, saltos, corridas de mergulho que terminam em abraços. Está tudo bem.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Vira-tempo

Não, não é uma nova dança nem previsão meteorológica. Diz-me o que lês dir-te-ei quem és. O vira-tempo é um instrumento mágico que aparece numa conhecida colecção de livros juvenis. Extremamente útil, I may say. Um vira-tempo é um objecto que nos permite voltar atrás no tempo, e que nesse sentido pode, claro, ter várias utilizações. Vou falar aqui do primeiro objectivo para que foi utilizado, que é de duplicar o tempo disponível. Por exemplo, temos dois trabalhos urgentes e achamos que o tempo só vai dar para um. Pois chega ao fim da tarde, pegamos no vira-tempo e eis que ela (a tarde) começa novamente para acabar o que falta. Demasiados programas para o fim-de-semana? Bota-se-lhe o vira-tempo e dá para lavar toda a roupa que é preciso, ir a um cinema (para adultos!) e passar uma tarde de chuva a jogar jogos de tabuleiro com as crianças. E após uma noite mal passada...? Umas horas de sono extra... Uma invenção genial, não era? E que bom não seria prolongar um conjunto de bons momentos e acelerar uns tantos outros.
Quem sabe o que nos reserva o futuro? Não era o Albert que dizia que tudo era relativo??

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Comprimidos de paciência

Ontem veio-me à cabeça esta expressão: comprimidos de paciência. Se calhar até era um bom nome para um blogue! Neste furacão que é a vida adulta, partilhada por muitos, se houvesse tal coisa que jeito não daria! No trânsito, nos comboios que avariam e pelos quais se espera, para as birras dos miúdos e graúdos, em variadas situações laborais, para ouvir os discursos dos Gaspares desta vida... Todos nós deveríamos ter oportunidade de usufruir dos nossos comprimidos de paciência, por exemplo, umas boas braçadas na piscina (gosto destes), uma sessão de compras, uma hora a ver um bom filme na televisão. ..
Estes comprimidos de paciência deviam ser comparticipados. Aposto que fariam milagres na nossa economia.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

RIP Manuel António Pina

É sempre triste ver alguém com uma escrita simultâneamente tão bonita e tão lúcida ir-se embora assim tão cedo. Ao contrário de muitos outros escritores da nossa praça, este era um homem simples que transmitia ideias simples, mas nem por isso menos interessantes e menos tocantes. Aliás um bom exemplo de que geralmente a beleza se encontra na simplicidade.  

Mudanças de planos

Quando há um sábado planeado com actividades várias após uma semana de trabalho, que inclui programas em família e depois algum tempo a dois... é um programa apetecível!! Mas eis que... o futebolista tem que ir jogar futebol!
Isto de se estar mentalizado e termos que nos re-mentalizar é um bocado difícil. Porque será? Será que à medida que ficamos mais velhos temos maior dificuldade em fazê-lo? Será que é o percurso das sinapses que fica mais lento? Há muita gente que detesta estas re-mentalizações, haverá alguma explicação muito lógica para isso?
Enfim, um espontâneo "desculpa ter-vos estragado o dia" tudo apaga. Que se cumpra o futebol do futebolista, há mais dias para os planos adiados.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Não tem lógica, não...

Como se explica? Quando há um dia menos bom, uma má notícia que chega, receios profundos ou superficiais que nos assaltam... porque é que nestas alturas quando a equipa vence é um alentozinho que chega e quando perde nos empurra um pouco mais para baixo? Vindo de quem não liga muito ao jogo e que na maior parte das vezes não vê os jogos...

sábado, 13 de outubro de 2012

Visita à feira

Há coisas que nunca mudam, e nalguns casos ainda bem.
Apesar de todos os brinquedos sofisticados que existem hoje em dia, dos parques de diversões também eles sofisticados, com nomes diversos, uma boa e velha visita à feira é um acontecimento.
Ele é carrosséis, ele é churros, ele é música foleira aos berros, ele é tendas e vendas a tuta-e-meia, ele é carrinhos de choque, enfim, uma grande animação!
E é maravilhoso o sorriso de orelha-orelha das crianças no carrossel, e então se tratando da primeira viagem, o brilho nos olhos parece dizer: mas que coisa fantástica que eu descobri! Nas palavras do ursinho "feira é popó, música, dançar, é giro!" 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Viagem a um mundo cruel

Uma jovem rapariga activista dos direitos das mulheres no Paquistão luta pela vida depois de ter sido cobarde e barbaramente baleada. A exploração e subalternidade feminina é uma realidade numa parte muito substancial do mundo. Ainda há muitos direitos a conquistar. Hoje o meu Nobel da Paz vai para ela.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Barcelona!

Barcelona é uma cidade deslumbrante. Na verdade, é quase uma cidade perfeita para um visitante - tem de tudo um pouco e penso que deverá contentar todos os gostos. Arquitectura - sim; Museus, antigos e modernos - sim; gastronomia - sim; comércio - sim; desporto (e futebol) - sim; praia - sim; jardins - sim; monumentos polémicos - sim; vida nocturna - sim; e poderia continuar por aqui fora...
É uma cidade vibrante e cheia de ritmo; que me perdoem os catalães, mas nesse sentido é tipicamente espanhola! Ruas fervilhantes de vida, independentemente da hora e do dia da semana, o entra e sai incessante das (imensas!) lojas, os empregados das inúmeras esplanadas no seu vai-e-vem, muitas conversas de muitas línguas a pairar no ar, até no céu podemos ver nalguns sítios o deslizar lânguido dos teleféricos.
Mas o melhor, melhor de tudo, é que é de facto uma cidade que mais que vir de encontro aos turistas, vem de encontro aos viajantes. Também tem, é claro, os spots para coleccionar as fotos da praxe. Mas é muito mais do que isso. É o cenário perfeito para se seguir vagueando pelas ruas (tem que se destacar o Bairro Gótico, mas atenção, há outros), sentar numa esplanada ou num banco ao sabor da vontade, voltar uma esquina para nos surpreendermos pelos contrastes, pela beleza de um recanto, pelos enquadramentos que guardam tantas histórias, murmúrios, segredos e vidas de muitos que por ali passaram.